Investidor deve superar três barreiras para não ser “perdedor”

Não basta poupar, é preciso ser um investidor.

Investidor objetivos perdedor

Poupadores são “perdedores”, porque perdem dinheiro sobretudo em tributos e para a inflação.

Estima-se que 45,1% dos ganhos de um poupador com um salário de 5 mil reais são direcionados para o Estado. E isso explica porque é tão difícil para os brasileiros acumularem dinheiro. Para poupar 250 reais, paga-se antes ao Estado R$ 2.257,33.

Além disso, o valor poupado é constantemente reduzido pela inflação no Brasil, não obstante a deflação do último bimestre de 2018. Para ilustrar, enquanto a poupança terá rendido 4,68% neste ano, a inflação será de cerca de 8%.

Faça as contas. Quem aplicou R$ 100,00 em janeiro na poupança teria R$ 103,85 até o mês passado, em novembro. Mas para conservar o mesmo poder de compra, na caderneta deveria haver pelo menos 108,73.

A diferença entre os dois valores ilustra bem a rentabilidade real negativa, ou seja, a perda do patrimônio para a inflação. É como se, ao final, dos 100 reais inicialmente aplicados, faltassem R$ 4,50. Apesar disso, a poupança é o investimento preferido dos brasileiros.

É possível fugir dessa realidade, todavia. Para tanto, é necessário se transformar em investidor.

Quem é o “investidor”?

Robert T. Kiyosaki afirma que há dois tipos de pessoas ricas.

Há aqueles que são grandes artistas ou atletas, sucessores de patrimônio multimilinário, empresários muito bem sucedidos, profissionais liberais extremamente destacados na área em que atuam ou que compõe uma pequena elite do serviço público do país, com gordos salários e uma série de privilégios.

Todas essas pessoas ganham muito dinheiro e vivem uma vida cômoda, sem escassez.

Há ainda outra classe de indivíduos que são igualmente ricos, os “investidores”.

Investidores não dependem da própria força de trabalho, porque têm ativos financeiros. Ao contrário da poupança, ativos financeiros como ações e fundos ativos geram renda e multiplicam o patrimônio.

É possível que os primeiros possam compor as duas classes, é o exemplo de um renomado artista que possui ativos financeiros. Porém é muito improvável ingressar na primeira classe, porquanto poucos conseguirão alcançar o ápice, e o mais importante, permanecerem por lá até o fim da vida.

Assim, sem dúvida, o caminho da independência – ou tranquilidade – financeira é muito mais fácil na segunda “trilha”, entre os investidores.

Contudo, três barreiras separam você, que já é poupador, dos investidores.

1. Educação financeira do investidor

Investidores não trabalham apenas por dinheiro, mas objetivam agregar conhecimento financeiro e aumentar conexões no dia a dia.

Ademais, investidores investem constantemente em sua própria formação.

Ninguém deve começar a investir antes de aprender, somente com base em dicas ou mesmo apostando na sorte. No curto prazo, o mercado vai recompensar aqueles que têm mais sorte. Parece desestimulador, entretanto, no longo prazo, a situação se inverte.

Em um horizonte de dez anos, dificilmente o investidor que contou somente com a sorte terá colhido bons frutos.

Atualmente, não é preciso muitos recursos para se tornar um investidor, além de dedicação e tempo. Existe uma quantidade enorme de informações livres, disponíveis na Internet, para aprender a investir, assim como de cursos gratuitos.

2. A carga tributária do investidor é menor

Uma das formas de diminuir a carga tributária é sendo um investidor.

Para investir é fundamental diminuir o consumo. Geralmente, quanto mais desnecessário o objeto de consumo, maior o imposto.

Por exemplo, a carga tributária para se comprar um maço de cigarros é de cerca de 80%. Deixar de consumir um maço de cigarros por dia equivale em média à economia mensal de R$ 168 em tributos e de R$ 42 em cigarros. Outro exemplo, em vez de comprar o novo iPhone a cada ano, e pagar R$ 6.000 em tributos, além dos R$ 4.000,00 pelo aparelho, é possível adquirir um outro modelo, mais simples, com alíquotas reduzidas pela Lei do Bem.

Além de não pagar altos tributos, os recursos não consumidos poderão ser investidos. A carga tributária da renda sobre ativos financeiros é praticamente zerada, o que, consequentemente, coloca investidores em situação tributária bastante privilegiada, digna da nobreza pré-revolucionária que se conhece nos livros de História.

Ganhos salariais acima de R$ 4.664,68 são tributados em 27,5% pelo imposto de renda e, em geral, em até 11% pela previdência. Diferentemente, para investidores, nenhum imposto incide sobre dividendos de ações e proventos de fundos de investimento imobiliário, por exemplo.

3. Investidor é capaz de superar a inflação e criar valor positivo sobre o patrimônio

No médio e longo prazo, investidores não podem perder para a inflação com investimentos financeiros. É a regra de ouro, por isso é tão importante se educar financeiramente antes de investir.

No Brasil, muitos educadores financeiros vão tentar te convencer do contrário, dizendo que o mais importante é poupar. O objetivo é que continue comprando serviços financeiros inúteis ou não desista da ideia de comprar produtos financeiros ruins.

A rentabilidade deve superar a inflação e, se possível, superar também o Certificado de Depósito Interbancário – CDI no longo prazo, apesar da dificuldade.

O que torna superar – ou mesmo alcançar – o CDI, uma referência de remuneração da renda fixa, tão desafiador?

Entre julho de 1994 e dezembro de 2017, o Ibovespa subiu 1.910,3%. Em 2017, o índice chegou a 71.970 pontos, 68.390 a mais do que em 04 de julho de 1994. O índice de ações apresentou rentabilidade real positiva, é verdade. Vale dizer, cresceu acima da inflação oficial, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor – IPCA-A. Porém o crescimento do Ibovespa foi bastante ofuscado pela rentabilidade do CDI. No mesmo período, o CDI acumulou uma rentabilidade de 4.945,5%.

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