Os principais bancos brasileiros apresentaram nos últimos dias o resultado do primeiro trimestre de 2020, impactado, parcialmente, pela pandemia.
Com a exceção do Santander, o resultado de Banco do Brasil, Bradesco e Itaú foram menores em relação ao mesmo período do ano passado. Por isso, a cotação na bolsa das ações da maior parte das companhias do setor financeiro caíram bastante em maio.
Não se trata de recomendação de compra ou venda de ativos.
“Fundo do poço” em março
O pior momento registrado no mercado financeiro, desde o começo da pandemia, ocorreu sem dúvida alguma em março. Ao todo foram seis circuit breakers naquele mês.
Em 12/03, na Quinta-feira Negra, o Ibovespa chegou a cair, por volta das 13h50, -19,6%. Logo, o mês março pode ser representado como o “fundo do poço”, muito embora o mercado mude o tempo todo.
Em 23/03, ITUB4 fechou o pregão com o papel cotado a R$ 20,52. Apenas para ter uma ideia, a queda foi de -44,4% em relação ao maior preço negociado nas últimas 52 semanas.
Em abril, o Ibovespa subiu, cumulativamente, +10,38%. Portanto, houve uma aparente melhora em relação ao mês anterior, apesar da queda anual, até então, de -30,31%.
Já na primeira semana de negociações em maio (04 a 08/05), a bolsa manteve-se praticamente estável, com queda de -0,3%.
A crise, todavia, persistirá ainda por muitos meses. Além disso, a poeira está aos poucos se assentando. A pandemia é realmente séria, porém não justifica uma queda tão acentuada da cotação de algumas companhias, que continuaram bastante lucrativas. Lembre-se que toda estratégia de investimento é uma aposta contra o mercado.
Resultado dos principais bancos
O resultado dos bancos foi impactado especialmente pelo aumento da provisão, diante da possibilidade do aumento da inadimplência. Assim, o resultado do Itaú representa muito bem o resultado dos demais bancos.
O Itaú aumentou a provisão em 147,2% em relação ao primeiro trimestre de 2019, isso culminou na indisponibilidade de cerca de 6,2 bilhões de reais, na comparação com o primeiro trimestre de 2019, enquanto a variação do lucro líquido recorrente foi menor, de três bilhões de reais nesse mesmo período.
O aumento da provisão não determina, necessariamente, que houve um aumento da inadimplência, nem mesmo prejuízo, porém impacta o lucro líquido. Na verdade, a inadimplência total do Itaú (15 a 90 dias) manteve-se quase que intacta, passou de 2,3 para 2,6%.
Destaca-se no resultado o crescimento de 19,4% da carteira de crédito no Brasil, em relação ao mesmo período do ano passado.
É interessante observar também que o crescimento da carteira de crédito foi impulsionado sobretudo por empréstimos e financiamento a grandes empresas, cuja inadimplência é relativamente a mais baixa, de somente 0,7%.
Pandemia e aprovisionamento
Nessa mesma linha, de diminuição do resultado, mas aumento das provisões, cita-se o Bradesco e o Banco do Brasil. Apenas o Santander obteve um aumento do lucro líquido na comparação com o ano passado, porquanto o aumento do provisionamento se mostrou mais tímido, quando confrontado com os concorrentes:
Banco | LL 1t20 | Var. LL | Var. provisão |
BBAS3 | +3,4 bi | -0,8 bi | +2,14 bi |
BBDC4 | +3,75 bi | -2,48 bi | +2,7 bi |
ITUB4 | +3,9 bi | -3 bi | +6,2 bi |
SANB11 | +3,85 bi | +0,36 bi | +0,55 bi |
Veja-se então que, se não fosse o salto das provisões, todos os grandes bancos apresentariam resultado com lucro líquido maior. No entanto, não se sabe até quando a pandemia perdurará, tampouco até quando impactará a economia.