Atentado a Bolsonaro fez até o Dólar cair: o que acontecerá?

Por volta das 15 horas, na véspera do feriado nacional de 7 de setembro, o candidato Bolsonaro sofreu um atentado.

Brasil atentado independência

O atentado agitou o mercado financeiro brasileiro na tarde da quinta-feira (6). O Dólar, por exemplo, que chegou a ser cotado a R$ 4,16 pela manhã, caiu para R$ 4,10 no fechamento do dia. É a menor cotação da moeda americana desde 31 de agosto.

O poderá acontecer a partir de agora?

Atentado a Jair Bolsonaro

O episódio aconteceu enquanto Jair Bolsonaro era carregado nos ombros por apoiadores, em ato realizado em Juiz de Fora.

Em via pública, o candidato foi esfaqueado no abdômen, aparentemente o golpe atingiu fígado, pulmão e intestino. Por isso, Bolsonaro precisou passar por cirurgia, mas já não há risco de morte.

O agressor foi preso em flagrante. Adélio Bispo de Oliveira é de Minas Gerais. Entre 2007 e 2014, foi filiado ao PSOL.

Pesquisa Ibope de 4/9

Em pesquisa realizada pelo Ibope entre 1 e 3/9, divulgada na terça-feira, Bolsonaro lidera as intenções de voto para presidente.

Jair Bolsonaro possui 22% das intenções de voto. Já Marina Silva e Ciro Gomes têm 12%, empatados na segunda colocação.

Entre os três candidatos, apenas Jair Bolsonaro defende medidas liberais na economia, como privatizações e diminuição da carga tributária.

A princípio, a pesquisa seria animadora para o mercado, contudo o cenário no segundo  turno mostrado pelo Ibope é diferente.

No segundo turno, Jair Bolsonaro perderia tanto para Marina Silva (33% x 43%) quanto para Ciro Gomes (33% x 44%).

Alckmin, que também empolga o mercado, está tecnicamente empatado com Fernando Haddad, em quarto lugar, na pesquisa divulgada.

A provável derrocada de Bolsonaro no segundo turno é explicada pela rejeição, 44%, a maior entre os candidatos.

Assim, não obstante o fim da candidatura de Lula, julgado pelo TSE, o mercado reagiu com mau humor à pesquisa.

Eleições presidenciais sacolejadas

A quase um mês das eleições, o resultado já se encontrava mais delineado, especialmente depois do fim da candidatura de Lula, que liderava a pesquisa, apesar de estar preso e condenado em segunda instância.

O atentado sofrido pelo candidato Bolsonaro, todavia, deverá mexer as projeções eleitorais, a exemplo do que ocorreu em 2014, com a morte do candidato do PSB, Eduardo Campos.

A tragédia em 2014 catapultou Marina Silva, até então a vice de Campos. A candidata chegou a liderar as pesquisas presidenciais, muito embora não tenha disputado o segundo turno.

A liderança de Marina perdurou até meados de setembro de 2014.  Em 30 de setembro, as pesquisas já indicavam uma queda acentuada de Marina Silva.

Portanto, o atentado a Bolsonaro certamente ajudará a inflar os números do candidato, como o acidente aéreo de Campos transferiu votos a Marina em 2014.

A agressão fortalece a plataforma mais conservadora, como a do candidato Bolsonaro, que desde o início de sua vida pública se colocou como opositor tanto do PT quanto do PSDB, partidos que polarizaram as eleições presidenciais desde 1994.

Nesse sentido, a liderança nas pesquisas de Bolsonaro representa o inconformismo de uma parcela grande de eleitores com os últimos governos. Os candidatos dos dois partidos, PT e PSDB, estão tecnicamente empatados na quarta colocação, distantes do segundo turno.

Porém, assim como em 2014, o atentado possivelmente não terá um efeito duradouro até a votação do primeiro turno, de modo que é improvável, ainda, descartar o segundo turno das eleições.

Quem perderá com o atentado?

O atentado poderá desidratar os outros candidatos pró-mercado, como João Amoêdo e Meirelles, e ainda mais os próprios candidatos dos partidos que polarizaram as eleições passadas, Alckmin e Haddad, que estavam crescendo nas pesquisas.

Aliás, o atentado provavelmente deve diminuir principalmente a candidatura do Haddad, à medida que as investigações sobre o atentado avançarem.

Outra questão que Bolsonaro enfrentará, em recuperação, é a distância do eleitorado, o que colocará o seu vice, General Mourão, em maior evidência.

Marina Silva conseguiu “surfar a onda” da comoção causada pela trágica morte prematura de Eduardo Campos. Deu entrevistas, fez o jogo eleitoral e subiu nas pesquisas, mesmo que momentaneamente.

Caso não conseguir se recuperar logo, Jair Bolsonaro estará longe dos holofotes na reta final do primeiro turno. É onde realmente é capaz de conquistar votos, sobretudo em razão da presença tímida da coligação do PSL na televisão.

Enfim, quem perde, de toda forma, é a democracia e a economia do país.

As eleições já foram achincalhadas, como sempre. É triste ver que só um atentado foi capaz de resgatar a confiança na economia brasileira. Até que alguém for definitivamente eleito, seguirá o sobe-e-desce dos indicadores.

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