Robert T. Kiyosaki, autor de Pai Rico, Pai Pobre, afirmou no
bestseller que poupadores são “perdedores”.
Pode parecer desagradável à primeira vista, porém a afirmação é infelizmente verdadeira. Os poupadores perdem dinheiro de várias formas, sobretudo através dos tributos e da inflação, especialmente no Brasil.
Poupadores x Tributos
Todos os dias, bilhões de pessoas produzem riquezas ao redor do mundo. O Estado subtrai, entretanto, uma fatia considerável dessas riquezas através da cobrança de inúmeros tributos.
No Brasil, parte desses tributos é arrecadada antes que o dinheiro chegue às mãos do contribuinte. É o caso, por exemplo, do imposto sobre a renda dos assalariados. Mas há também outros tributos que incidem mesmo depois da tributação sobre a renda, até sobre bens e serviços considerados essenciais, como remédio, material escolar e alimentos.
Para ilustrar, veja a estimativa de arrecadação sobre um trabalhador com renda mensal de R$ 5 mil em 2018.
De imposto de renda e INSS, são retidos todo mês R$ 915,12.
Apesar de pagar tributos, é preciso ter plano de saúde privado e previdência complementar, porque o Estado é incapaz de administrar bem os recursos arrecadados. Além disso, é preciso pagar pelo aluguel, condomínio, tarifas de água e energia elétrica, educação, alimentação, lazer e outras despesas para sobreviver.
Então, depois de quitar todas as contas mensais, considera-se que o trabalhador ainda conseguiu reservar 250 reais para poupar.
Com uma carga tributária sobre o consumo de cerca de 35%, esse trabalhador pagou R$ 2.257,33 em tributos em um único mês, o equivalente a 45,1% do salário bruto de R$ 5.000,00.
Vale dizer, recebeu R$ 5 mil, dos quais R$ 4.084,88 chegaram à sua conta, poupou 250 reais e gastou R$ 3.834,88.
Portanto, nesse exemplo, para poupar 250 reais, o trabalhador deve pagar nove vezes mais em tributos para o Estado.
Os poupadores já saem perdendo na largada. As perdas, contudo, prosseguem ao longo de toda a “corrida”.
Poupadores x Inflação
A poupança é sem dúvida o investimento mais popular do país. E o Brasil é um país que historicamente possui uma inflação muito alta.
Em todos esses anos, a inflação influenciou negativamente a educação financeira e o planejamento dos brasileiros, criando até distorções econômicas entre risco e retorno dos investimentos.
Em 2012, a modificou-se por fim, radicalmente, a rentabilidade da poupança. As modificações causaram dois grandes impactos. Diminuiu a rentabilidade da aplicação e dificultou a compreensão dos poupadores sobre o serviço.
Até então, a poupança era remunerada pela taxa referencial – TR do período, acrescida de 0,5% ao mês. A remuneração foi estabelecida no Governo Collor, em 1991.
Já os depósitos realizados a partir de 4 de maio de 2012, chamados de “poupança nova”, passaram a ter rentabilidade atrelada à meta da Selic. O Governo Dilma foi o responsável pela última alteração.
A rentabilidade da poupança nova permanecerá igual à da antiga, caso a meta anual da Selic for superior a 8,5%. Do contrário, se igual ou inferior a 8,5%, a remuneração da TR é acrescida apenas de 70% da taxa estabelecida como meta da Selic, podendo variar entre 0,00 a 0,48%.
Desde setembro de 2017, a TR está zerada. Assim, tanto a poupança antiga quanto a nova provavelmente não serão capazes de recompor nem sequer as perdas inflacionárias neste ano, considerando o índice apurado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, o Índice Geral de Preços do Mercado – IGP-M.
A inflação acumulada do IGP-M nos últimos 12 meses é, até novembro, de 9,69%. Observa-se que a poupança antiga renderá em 2018 cerca de 6,16%, enquanto a poupança nova, 4,68%.
Por isso, poupadores conseguem acumular muito pouco, e o pouco que acumulam é corroído ainda dramaticamente pela inflação.
É possível fugir dessa realidade, todavia. Para tanto, é necessário se transformar em investidor.