Já te ofereceram uma fórmula mágica para ficar rico da noite para o dia com ações? Um amigo ou parente te indicou a compra de uma empresa “barata” para obter ganhos miraculosos? Conhece uma vítima de golpe de investimentos em ações que perdeu todo o seu patrimônio?
Fuja do “abacaxi”!
Em Mitos de Investimentos (Financial Times-Prentice Hall, 2006), Aswath Damodaran desconstrói as falácias que envolvem o cotidiano dos investidores no mercado de renda variável por meio do exame de algumas histórias de investimentos em ações.
Fuja do “abacaxi” nos investimentos em ações
A cada história, Damodaran fornece subsídios a quem deseja investir para não cair no chamado “papo de vendedor”, em dicas erradas ou no “canto da sereia” de estelionatários.
Aswath Damodaran é professor de finanças da Universidade de Nova Iorque – NYU. É também autor de livros consagrados e bastante famoso pelos seus métodos de avaliação de empresas, ou, do inglês, valuation.
Não obstante a complexidade do tema, a linguagem simples e objetiva do autor, sempre acompanhada de exemplos, faz desse livro leitura essencial para investidores. Decerto, nem todos compreenderão a totalidade dos jargões financeiros, gráficos ou cálculos utilizados. Todavia, a obra é, ainda assim, bastante didática e relativamente acessível.
No último capítulo, Damodaran relaciona então 10 lições, a seguir, que se aplicam em geral às estratégias de investimentos em ações.
1ª lição – “Quanto mais as coisas mudam, mais iguais ficam”
Não há estratégia exclusiva para a análise de ações. Apesar da diversidade de critérios que podem ser empregados na análise das empresas, que, combinados, geram um número enorme de estratégias diferentes, todos os parâmetros já são bastante conhecidos pelo mercado.
2ª lição – “Se você quiser garantias, não invista em ações”
Ninguém pode garantir que determinada estratégia é infalível. Os investimentos em ações sempre envolvem riscos, ainda que contemplem apenas ações defensivas.
3ª lição – “Quem não arrisca não petisca”
Uma estratégia que busca um rendimento alto não possuirá, em regra, um risco baixo. Logo, a alta rentabilidade histórica da renda fixa brasileira pode ser interpretada como uma exceção, quando comparada com o Ibovespa.
4ª lição – “Lembre-se dos fundamentos”
O valor de uma empresa está relacionado aos seus fundamentos, ou seja, aos fluxos de caixa, crescimento esperado e risco.
5ª lição – “A maioria das ações que parece barata tem motivos para isso”
Uma empresa é geralmente considerada “barata”, segundo o professor de finanças, quando está sendo negociada “a baixos múltiplos do lucro ou abaixo do valor patrimonial”.
Entretanto, Damodaran ressalta que o preço da maioria dessas empresas só parece módico, pois, de maneira geral, há pelo menos um bom motivo (sobre os fundamentos) para que a ação seja negociada até mesmo abaixo do valor patrimonial.
6ª lição – “Tudo tem seu preço”
Provavelmente, essa é a lição mais polêmica, porquanto vai de encontro ao que quase todos os gurus financeiros e autores de best-sellers de finanças pessoais pregam.
O mercado costuma incluir no preço da ação a marca, a superioridade administrativa, o alto crescimento e outras características que, naturalmente, são desejáveis em qualquer empresa. Mas será que vale a pena pagar um preço tão alto por causa de uma boa marca?
Assim, Aswath Damodaran afirma que: “Boas empresas nem sempre são bons investimentos”.
7ª lição – “Os números podem enganar”
Os estudos geram conclusões probabilísticas, não podem geram conclusões absolutas. Aliás, o investidor deve entender que o mercado muda a todo tempo, de modo que o que ocorreu no passado não se repetirá necessariamente no futuro.
8ª lição – “Respeite o mercado”
Toda estratégia de investimento é uma aposta contra o mercado. Porém, é preciso compreender que o mercado acerta mais do que erra. Dessa forma, para ganhar dinheiro, não basta que o investidor esteja certo, o mercado tem que ainda corrigir o seu próprio erro.
9ª lição – “Conhece-te a ti mesmo”
Não adianta escolher a melhor estratégia para investir. Ora, se os investimentos em ações não casam com o perfil e os objetivos do investidor, não vai funcionar.
10ª lição – “A sorte vale mais do que a habilidade (pelo menos no curto prazo)”
A última lição de Damodaran é, a princípio, a mais desestimulante para quem quer iniciar os investimentos em ações, porque o mercado nem sempre vai recompensar quem está mais preparado, ou quem se esforça mais.
Dessa maneira, no curto prazo, vale mais o peso da sorte.
Contudo, no longo prazo, a situação é diferente. Em um horizonte de dez anos, dificilmente o investidor que contou somente com a sorte terá colhido bons frutos.
Por isso, o investidor deve sempre pesar o sucesso e o fracasso no curto prazo com certo ceticismo.