Dota 2 é, de longe, o esporte eletrônico que melhor remunera os competidores ao redor do mundo.
Em 2017, o principal torneio de Dota 2 distribuiu premiação maior até que a dos campeonatos tradicionais de clubes de futebol, como a Copa Libertadores da América.
Apenas a equipe campeã do The International (2017) faturou quase 11 milhões de dólares.
Porém há mais comparações que podem ser feitas entre os videogames e o esporte mais popular no Brasil.
Dota 2 e profissionalização dos jogadores eletrônicos
Dota 2 – Defense of the Ancients, desenvolvido pela Valve Corporation a partir de um mapa homônimo do jogo Warcraft III: The Frozen Throne (DotA), se tornou um dos jogos mais populares atualmente.
Lançado para testes em agosto de 2011, foi enfim disponibilizado para o público dois anos depois, em julho de 2013.
É um jogo, no modo tradicional, para 10 jogadores, divididos em dois times oponentes. Cada partida dura em média 45-50 minutos.
O objetivo dos times é demolir o centro da base inimiga, como no jogo “pega-bandeira”.
Para tanto, é necessário destruir diversas estruturas e combater tanto criaturas (não jogadores) quanto os próprios jogadores rivais.
Cada um dos jogadores adquire níveis, poderes e acumula ouro para comprar variados itens ao longo da partida, ambientada em um universo tolkieniano.
O futebol pode servir de comparação com o desenvolvimento recente dos games, como Dota 2.
Conta-se que o futebol chegou ao Brasil em 1894, quando Charles Miller retornou da Inglaterra com duas bolas na mala.
Mas o esporte mais popular do país começou a se tornar profissional pelo menos trinta anos mais tarde. A primeira Copa do Mundo realizada em 1930 é, indubitavelmente, um dos pontos de partida para que os jogadores começassem o processo de profissionalização.
Assim como demorou algum tempo até a profissionalização do futebol, muitos atletas “eletrônicos” começaram a despontar como profissionais nesta década.
The International: premiação milionária
O documentário Free to Play (2014) conta a história de três jogadores que disputaram o torneio The International, em 2011. Entre eles está Danil Ishutin, mais conhecido como “Dendi”, da equipe Natus Vincere – NAVI.
O título do documentário se refere diretamente a Dota 2, o jogo free-to-play (do inglês, “Gratuito para Jogar”), disponível no Steam.
The International foi pioneiro ao oferecer o maior prêmio até então para competidores de jogos eletrônicos, um milhão de dólares.
O documentário mostra exatamente que o prêmio milionário é um marco na profissionalização dos jogadores, pois criou um novo panorama, como a Copa do Mundo para o futebol.
Já em 2017, no último torneio de Dota 2, o prêmio principal foi de quase 11 milhões de dólares. No total, foram distribuídos cerca de 25 milhões de dólares.
Para ilustrar a dimensão desse prêmio, o campeão da Copa Libertadores de futebol ganhará 6 milhões de dólares em 2018. Ou seja, um pouco mais da metade do que a equipe de eSports Team Liquid, a atual campeã do The International, levou no ano passado para a Europa, apesar da forte concorrência das demais equipes, sobretudo, chinesas.
Não é por acaso que dos 50 jogadores eletrônicos que mais faturaram prêmios até hoje, Dota 2 é o jogo que mais remunerou 49 deles. As informações levantadas são do eSports Earnings.
A lista do eSports Earnings é encabeçada atualmente por Kuroky, ex-companheiro de Dendi na equipe NAVI.
A exceção nos primeiros da lista é o sul-coreano Faker. Lee “Faker” Sang Hyeok joga League of Legends – LoL, que é, a propósito, bastante semelhante a Dota 2.
Atrás de Dendi, que ocupa a 66ª colocação, em 69º lugar está o brasileiro que mais faturou da lista, Gabriel “FalleN” Toledo, jogador de Counter Strike.
A indústria dos games e Dendi
A indústria de games faturou em 2017 US$ 36 bilhões, cerca de RS 120 bilhões de reais, segundo a Entertainment Software Association – ESA.
A partir do The International (2011), os esportes eletrônicos, ou eSports, passaram a ter uma elite de competidores eletrônicos.
Por isso, um dos maiores representantes dessa elite é o ucraniano Danil Ishutin. Desde que sua equipe venceu em 2011, passou a receber também patrocínio de grandes marcas, como da Monster Energy Drink.
Aliás, a maior parte da receita de Danil Ishutin adveio de patrocínios, e não propriamente dos campeonatos. O patrocínio de jogadores é um salto de profissionalização observado igualmente no futebol.
Dendi então é emblemático. E não só porque representa a primeira geração de profissionais de videogames, como mostrou Free to Play. Mas, também, porque retrata os videogames como uma indústria do lazer, uma indústria muito maior do que simples brincadeiras infantis.